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No artigo anterior falei sobre a CNV. Uma forma de comunicação consciente que respeita o fluxo de observar, conectar com o sentimento, investigar que necessidade não está sendo atendida e nos oferece em troca o poder dos pedidos. A CNV é uma estratégia para a gente se comunicar melhor. Mas de nada adianta ter o instrumento se não houver uma disposição interna para olhar para o outro.
Por isso hoje vou falar sobre a empatia.
O ato de empatizar é resumido por uma definição formulada por Adam Smith, filósofo e economista escocês do século 18, “uma troca imaginária de lugar com o sofredor”. Embora seja um termo antigo e sua definição esteja no imaginário coletivo, é uma emoção complexa, envolve assimilar o significado das emoções positivas e negativas, sendo portanto, difícil de compreender o seu conceito na totalidade. Uma tarefa que exige presença, escuta e intenção.
A empatia é uma força revolucionária para melhorar não só as relações, como também o mundo em que vivemos. Ela é como um ponto de acupuntura. Segundo a medicina chinesa, o ponto de acupuntura é um lugar que concentra grande quantidade de energia, e quando o ativamos, trazemos alívio para o sistema como um todo. Gosto dessa metáfora para considerar o poder que a empatia tem na construção de vínculos harmoniosos e na colaboração.
A empatia é considerada uma emoção complexa. Uma busca rápida em artigos e trabalhos acadêmicos no geral sobre o conceito, vai te apresentar inúmeros termos relacionados a ela: sofrimento empático, felicidade empática, empatia positiva, negativa, cognitiva, empático maduro, compaixão, sofrimento empático, entre outros.
Hoje vou falar sobre 2 destes conceitos que podem ajudar na compreensão dessa emoção complexa: contágio emocional e tomada de perspectiva.
O contágio emocional (CE) ou sofrimento empático é mais do que sentir a emoção do outro, é sentir e se apropriar dela, fazendo a emoção virar sua também.
O ser humano tende a imitar, involuntária e inconscientemente, comportamentos, sincronizando automaticamente o próprio comportamento emocional com o do outro. Esse modo de contágio é um recurso primário por onde as emoções são compartilhadas, transferidas de um indivíduo para outro e se tornam sociais, produzindo uma emoção coletiva.
Se for algo positivo, como por exemplo, percebo um colega de trabalho feliz porque conseguiu entregar um projeto, e isso me deixa feliz também, maravilhoso. O cuidado se dá quando o contágio é a respeito de algo negativo, pois causa menos comportamentos de ajuda, e mais sentimentos de angústia pessoal que é uma resposta ao que se supõe ser a sensação de dor ou desconforto do outro.
Esse conhecimento ajuda quando identificamos estados emocionais negativos e podemos revertê-los!
Como? – Sendo portadores de boas notícias, escuta, disponibilidade para amparar o outro.
Onde podemos, no exercício da nossa empatia, contribuir e ajudar a alterar estados emocionais desafiadores?
O segundo termo é a tomada de perspectiva: na empatia eu sinto o que o outro sente, é um fenômeno emocional. Já a tomada de perspectiva é um fenômeno cognitivo.
Mais do que me conectar com o sentimento alheio, me proponho a fazer uma investigação, olhar sobre diferentes ângulos, fazer leitura corporal, imaginar, indagar e alcançar uma perspectiva menos reativa e mais consciente sobre a experiencia.
Uma das vantagens da tomada de perspectiva sobre a empatia, é que a TP ajuda a enxergar o contexto de forma ampliada, a trazer argumentos com mais clareza e apreensões novas, sem o contágio emocional. Isto pode facilitar a troca de informações e a solução de problemas mais complexos, embora exija mais esforço que a empatia
Exige mais esforço, mas vale a pena!
E para fechar: Somos seres empáticos por natureza. Nascemos com uma estrutura cerebral pronta para que a gente possa se conectar e expressar a empatia. Além disso, temos a plasticidade cerebral, podemos aprender qualquer coisa nova. Se você colocar sua empatia em prática, seu cérebro vai criar caminhos neurais, novas rotas e estruturas para tornar esse comportamento mais natural e espontâneo com o tempo.
Transforme sua defesa em autorreflexão, o julgamento em curiosidade, suas premissas em perguntas e os conflitos em exploração conjunta. Use a CNV e pratique a empatia!
Boa sorte!